Detalhes sobre o colunista
Data: 22/01/2007
Título: SPFW e transtornos alimentares
A partir de 24 de janeiro, teremos mais uma edição do SPFW. Devido ao ocorrido em novembro de 2006, com a morte da modelo Carolina Reston e à grande mobilização da opinião pública, iniciou-se um movimento dentro do meio da moda para promover saúde e segurança para quem desfila e, quem sabe, enfrentar a pressão que fatalmente ocorrerá, inclusive pela mídia internacional.
Entre as ações propostas estão palestras para modelos, regulamentação da profissão, cartilhas educativas que venham esclarecer modelos e agências. São medidas necessárias, MAS NÃO SUFICIENTES! O âmago da questão, o trabalho junto aos estilistas, NÃO FOI TOCADO. Parece haver um temor em alertar esses senhores por parte daqueles que os rodeiam! Sem isso, teremos apenas PROMESSAS DE SOLUÇÃO QUE TALVEZ NUNCA OCORRAM.
Como abordá-los? Como "informá-los" que os padrões que impõem são perigosos, utópicos, arbitrários, intangíveis e até desrespeitosos à mulher e à condição feminina? Como fazê-los enxergar e chamá-los à responsabilidade, não só pelas modelos, mas pelas centenas de milhões de mulheres em todo o mundo que são influenciadas por esses "padrões" e que, mesmo que não venham a adquirir um transtorno alimentar, sofrem de um sentimento crônico de rejeição, inferioridade e de não inclusão por sequer se aproximarem desses ideais? Como dizer a eles que a moda TEM SIM um papel fundamental no desencadeamento desses gravíssimos transtornos?
Apesar da aproximação entre agentes, organização do evento em profissionais de saúde, ficou de fora o personagem principal: o estilista!
Temo, sinceramente, que a única coisa que se consiga seja baixar a poeira do caso Carol Reston. E que o real problema não seja tocado! Que meninas que tenham meio centímetro a mais de quadril sejam intimadas a "emagrecer", não importa como. Que a elas continue sendo impingida uma MAGREZA PATOLÓGICA por pessoas que não tem nenhum conhecimento de causa. Que para isso sejam prescritos comportamentos de risco que, aliados a outros fatores subjacentes possam desencadear problemas graves. Estariam os estilistas dispostos a negociar o quadril 90??? Ocorre aos organizadores à responsabilidade social de conclamá-los??
Por isso, continuo com minha tese: só teremos chance de mudar o quadro atual com medidas governamentais, com ESTRITA FISCALIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, com campanhas de grandes empresas que ofereçam um conceito de beleza ligado à saúde e a auto-estima e com projetos educativos abrangentes.
|
|